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Yannis Ritsos (1909 - 1990)

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Yannis Ritsos foi um poeta grego, nascido em Monovassiá, a 1° de maio de 1909. Seu livro Epitaphios foi queimado publicamente pela ditadura de Ioannis Metaxas. Em 1948, com o início de outra ditadura militar na Grécia, Yiannis Ritsos é preso, passando pelos campos de Limnos e o terrível Makronisos, onde escreve seus Diarios do exílio.

 

 Em 1967, é preso novamente, desta vez pelo regime da Junta Militar de George Papadopoulos e Nikolaos Makarezos, e enviado para o campo de Gyaros. É proibido de publicar até 1972. Está entre os grandes poetas gregos modernos, ao lado de Konstantinos Kavafis, Kostas Kariotakis, Giorgos Seferis e Odysseus Elytis. Entre seus livros, destaco o belíssimo Monovassiá (1983). O poeta morreu em Atenas, a 11 de novembro de 1990.

--- Ricardo Domeneck

§



§

POEMAS DE YANNIS RITSOS

Os Modelos

Não esqueçamos nunca - disse - as boas lições, aquelas
da arte dos Gregos. Sempre o celeste lado a lado
com o quotidiano. Ao lado do homem, o animal e a coisa —
uma pulseira no braço da deusa nua; uma flor
caída no chão. Recordai as formosas representações
nos nossos vasos de barro — os deuses com os pássaros e com outros animais,
e juntamente a lira, um martelo, uma maçã, a arca, as tenazes;
ah! e aquele poema em que o deus, ao terminar o trabalho,
retira o fole de junto do fogo, recolhe uma a uma as ferramentas
dentro da arca de prata; depois, com uma esponja, limpa
o rosto, as mãos, o pescoço nervudo, o peito peludo.
Assim, limpo, bem arranjado, sai à tardinha, apoiado
nos ombros de efebos todos de oiro — trabalhos de suas mãos
que têm força, e pensamento, e voz; — sai para a rua,
mais magnífico que todos, o deus coxo, o deus operário.

(tradução de Custódio Magueijo)

§

O Espaço Do Poeta

A escrivaninha negra com entalhes,
os dois candelabros de prata, o cachimbo vermelho.
Está sentado, quase invisível, na poltrona, com a janela sempre às suas costas.
Por detrás dos óculos, enormes e cautos, observa o interlocutor à luz intensa,
ele próprio oculto dentro de suas palavras, dentro da História,
com personagens seus, distantes, invulneráveis,
capturando a atenção dos outros nos delicados revérberos
da safira que traz num dedo, e alerta sempre para saborear-lhes as
expressões, nos momentos em que os tolos efebos
umedecem os lábios com a língua, admirativamente. E ele,
astuto, sôfrego, sensual, o grande inocente,
entre o sim e o não, entre o desejo e o remorso,
qual balança na mão de um deus, ele oscila por inteiro,
enquanto a luz da janela atrás lhe põe na cabeça
uma coroa de absolvição e santidade.
“Se a poesia não for a remissão – murmura a sós consigo -
não esperemos então misericórdia de ninguém”.

(tradução de José Paulo Paes)

§

Coisas simples e incompreensíveis

Nada de novo — repete ele. Os homens matam-se ou morrem,
sobretudo envelhecem, envelhecem, envelhecem — os dentes,
os cabelos, as mãos, os espelhos.
Aquele vidro do candeeiro, quebrado — foi consertado com um jornal.
E o pior de tudo: quando aprendes que algo vale a pena, já passou.
Então se faz uma grande serenidade. Chega o verão. As árvores
são altas e verdes — muito provocantes. As cigarras cantam.
À tardinha, as montanhas azulecem. Lá de cima descem
homens obscuros. Coxeiam ladeira abaixo (fingem que coxeiam).
Lançam cães mortos ao rio, e depois, muito tristes e como que irritados
dobram os sacos de linho, coçam os testículos e olham a lua
na água. Somente essa coisa inexplicável:
fingirem-se de coxos, sem que ninguém esteja a vê-los.

§

Versos na tarde

A escrivaninha negra com entalhes,
os dois candelabros de prata, o cachimbo vermelho.
Está sentado, quase invisível, na poltrona, com a janela sempre às suas costas.
Por detrás dos óculos, enormes e cautos, observa o interlocutor à luz intensa,
ele próprio oculto dentro de suas palavras, dentro da História,
com personagens seus, distantes, invulneráveis,
capturando a atenção dos outros nos delicados revérberos
da safira que traz num dedo, e alerta sempre para saborear-lhes as
expressões, nos momentos em que os tolos efebos
umedecem os lábios com a língua, admirativamente. E ele,
astuto, sôfrego, sensual, o grande inocente,
entre o sim e o não, entre o desejo e o remorso,
qual balança na mão de um deus, ele oscila por inteiro,
enquanto a luz da janela atrás lhe põe na cabeça
uma coroa de absolvição e santidade.
“Se a poesia não for a remissão – murmura a sós consigo -
não esperemos então misericórdia de ninguém”.

(tradução de José Paulo Paes)

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