Nizâr Qabbânî foi um poeta sírio, nascido em Damasco a 21 de março de 1923. Publicou mais de 30 livros, entre eles Infância de um seio (طفولة نهد , 1948), Samba (1949, سامبا), Desenhando com palavras (1966, الرسم بالكلمات), Que possas ser meu amor por mais um ano (1978, كل عام وأنت حبيبتي), O amor não para no sinal vermelho (1985, الحب لا يقف على الضوء الأحمر), Notas à margem do livro da derrota (1991), هوامش على دفتر النكسة) e Alfabeto de jasmim (1998, أبجدية الياسمين), entre vários outros. O poeta morreu a 30 de abril de 1998.
Apresentamos abaixo algumas traduções do português André Simões, de seu blogue Sobre as ruínas, com traduções do árabe. André Simões é assistente no Departamento de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
--- Ricardo Domeneck
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POEMAS DE NIZÂR QABBÂNÎ
pensei ontem no meu amor por ti
lembrei-me logo
das gotas de mel nos teus lábios
e então lambi o açúcar das paredes da minha memória
(tradução de André Simões)
:
فكّرت أمس، بحبي لك
تذكرت فجأة ..
قطرات العسل على شفتيك
فلحيت السكر عن جدران ذاكرتي ..
تذكرت فجأة ..
قطرات العسل على شفتيك
فلحيت السكر عن جدران ذاكرتي ..
§
Depois de Roma ter ardido
e de tu teres ardido com ela
não esperes de mim
que te escreva um poema para te chorar
eu não estou acostumado
a chorar pássaros mortos
:
e de tu teres ardido com ela
não esperes de mim
que te escreva um poema para te chorar
eu não estou acostumado
a chorar pássaros mortos
(tradução de André Simões)
:
بَعْدَما احْترقَتْ رُوما
واحْتَرقْتِ مَعَها..
لا تَنْتَظري مِنّي
أن أكتُبَ فيكِ قصيدةَ رثاءْ
فما تعوُّرتُ،
أن أرثيَ العصافيرَ الميِّتة
واحْتَرقْتِ مَعَها..
لا تَنْتَظري مِنّي
أن أكتُبَ فيكِ قصيدةَ رثاءْ
فما تعوُّرتُ،
أن أرثيَ العصافيرَ الميِّتة
§
a fala das mãos dela
um pouco de silêncio,
impetuosa,
que a mais bela fala
é a fala das tuas mãos
sobre a mesa
(tradução de André Simões)
um pouco de silêncio,
impetuosa,
que a mais bela fala
é a fala das tuas mãos
sobre a mesa
(tradução de André Simões)
:
حَديثُ يَدَيْها
قليلاً من الصَمْتِ ..
يا جَاهِلَةْ ..
فأجملُ من كُلِّ هذا الحديثْ
حَديثُ يَدَيْكِ
على الطَاوِلَةْ
قليلاً من الصَمْتِ ..
يا جَاهِلَةْ ..
فأجملُ من كُلِّ هذا الحديثْ
حَديثُ يَدَيْكِ
على الطَاوِلَةْ
§
sobre o amor marinho
sou o teu mar, senhora minha,
e não me perguntes da viagem
nem do tempo da partida e da chegada:
só tens de
esquecer os impulsos da terra
e obedecer às leis do mar
e entrar-me como peixe enfurecido;
racha o navio em dois pedaços
e o horizonte em dois pedaços
e a minha vida em dois pedaços
Nizâr Qabbânî
(tradução de André Simões)
sou o teu mar, senhora minha,
e não me perguntes da viagem
nem do tempo da partida e da chegada:
só tens de
esquecer os impulsos da terra
e obedecer às leis do mar
e entrar-me como peixe enfurecido;
racha o navio em dois pedaços
e o horizonte em dois pedaços
e a minha vida em dois pedaços
Nizâr Qabbânî
(tradução de André Simões)
:
في الحُبّ البحريّْ
أنا بَحْرُكِ، يا سَيِّدتي
فلا تسألين عن تفاصيل الرحلةْ
ووقْتِ الإقْلاع والوُصُولْ
كلُّ ما هو مطلوبٌ منكِ
أن تنسَيْ غرائزَكِ البَرِيَّةْ
وتُطيعني قوانينَ البحرْ
وتَخْترقيني كسمكةٍ مَجْنُونَةْ
تَشْطُرُ السفينةَ إلى نِصْفَينْ
والأُفُقَ إلى نِصْفَيْنْ
وحياتي إلى نِصْفيْنْ
أنا بَحْرُكِ، يا سَيِّدتي
فلا تسألين عن تفاصيل الرحلةْ
ووقْتِ الإقْلاع والوُصُولْ
كلُّ ما هو مطلوبٌ منكِ
أن تنسَيْ غرائزَكِ البَرِيَّةْ
وتُطيعني قوانينَ البحرْ
وتَخْترقيني كسمكةٍ مَجْنُونَةْ
تَشْطُرُ السفينةَ إلى نِصْفَينْ
والأُفُقَ إلى نِصْفَيْنْ
وحياتي إلى نِصْفيْنْ
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