Pentti Saarikoski foi um dos mais importantes poetas, prosadores e tradutores do pós-guerra na Finlândia, nascido a 2 de setembro de 1937. É considerado, ao lado de Paavo Haavikko (1931 - 2008), o modernizador da linguagem poética finlandesa. Explodiu na cena com a publicação do livro Mitä tapahtuu todella? (O que está acontecendo?, 1962).
Traduziu Eurípides, Safo e Heráclito, e gabava-se de ser o único homem no mundo a ter traduzido tanto a Odisseia, de Homero, como o Ulisses de Joyce. Sua vida boêmia e suas ideias políticas fizeram dele uma celebridade na Finlândia, assim como um autor bastante polêmico. A imprensa o chamava de "o Beatle nórdico". Seu gosto pelo álcool o levaria à morte prematura, a 24 de agosto de 1983.
Traduziu Eurípides, Safo e Heráclito, e gabava-se de ser o único homem no mundo a ter traduzido tanto a Odisseia, de Homero, como o Ulisses de Joyce. Sua vida boêmia e suas ideias políticas fizeram dele uma celebridade na Finlândia, assim como um autor bastante polêmico. A imprensa o chamava de "o Beatle nórdico". Seu gosto pelo álcool o levaria à morte prematura, a 24 de agosto de 1983.
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POEMAS DE PENTTI SAARIKOSKI
Fragmentos de Convite para a dança (1980)
V
Não retornes
Quetzalcoatl
aqui agora adoram-se outros deuses
as penas do teu pássaro
à venda em lojas para turistas
teus lagos congelados
as pontes de ilha a ilha
escapamentos para as ansiedades do povo
das janelas de edifícios
olhos cansados contemplam a praça
rubra com o sangue dos inocentes
não retornes
Quetzalcoatl
fica com a fé dos teus pais
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XXXV
eu nunca estarei à altura dos meus poemas
eu tusso eu ofego
enquanto eles respiram livremente
eu caminho por aí de olhar fixo
eles conhecem seu próprio valor
me ridicularizam
à noite eles saem aos berros às ruas
mas de dia sentam-se comportados no escritório
batendo à mesa com um lápis dizendo
qual o seu número?
eu me decepcionei com todos eles
eu não os criei à minha imagem e semelhança?
eles deviam fazer propaganda de mim
e o que eles estão fazendo?
sorrindo com desdém
enquanto uma delegação de poetas europeus os aplaude
eu desmaio num banco de parque a cagar nas calças
quando estou doente eles vêm me ver? não
quando estiver morto
trarão flores ao meu túmulo? oh não
eles não têm órgãos internos
eles não envelhecem
eu encolho enquanto crescem
eu morro
e eles vivem com a bunda virada pra lua
§
XLVII
os mortos têm nomes
os vivos: uma cara e dez dedos
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LII
eu convido
as feministas de Eurípides
as filhas de Bacchus
sirvo vinho de sorva
e as incito
a fazer em pedaços
os censores
que nos observam
dentro destas cercas de arbustos
e as incito a fazer em pedaços
os cônsules castrados
e César
e todos os manda-chuvas
eu as incito a fazer em pedaços
o judiciário o clérigo
todos
os portadores de fasces
para que as matas
ao redor da pista de dança
cubram-se de cabeças mordidas feito amoras
(paráfrases de Ricardo Domeneck, a partir das traduções de Anselm Hollo para o inglês)
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