Hoje, poema inédito da portuguesa Raquel Nobre Guerra (n. 1979).
Se sorrio aos mortos e enterro os vivos
como um objecto escuro por que
rodaram mãos e jeitos de luz? Sim.
Vivo como se não estivesse aqui
roupa leve como acontece na vida.
E vou da primeira à última batida
na respiração de um pulmão vivido.
Lê assim.
Podia arder a uma pouca distância de ti
nessa praceta que é um poema teu
— e as coisas voltariam a mim, meras,
como o ser transportada pelos dias —
mas cairei por aqui.
Meu amor.
Porta no trinco e nada nas mãos.
Há muito que é tudo o que resta.
Se sorrio aos mortos e enterro os vivos
como um objecto escuro por que
rodaram mãos e jeitos de luz? Sim.
Vivo como se não estivesse aqui
roupa leve como acontece na vida.
E vou da primeira à última batida
na respiração de um pulmão vivido.
Lê assim.
Podia arder a uma pouca distância de ti
nessa praceta que é um poema teu
— e as coisas voltariam a mim, meras,
como o ser transportada pelos dias —
mas cairei por aqui.
Meu amor.
Porta no trinco e nada nas mãos.
Há muito que é tudo o que resta.
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sobre a autora
Raquel Nobre Guerraé uma poeta portuguesa, nascida em 1979. Formou-se em Filosofia pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa e tem mestrado em Estética e Filosofia da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Publicou Groto Sato (Mariposa Azul, 2012). O livro recebeu em Portugal o Prêmio PEN para obras de estreia. Faz Doutoramento em Literatura Portuguesa na Faculdade de Letras. Vive e trabalha em Lisboa.
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