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Frank Keizer

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Frank Keizer é um poeta, editor e tradutor holandês, nascido em Leeuwarden em 1987. Coordena a série de poesia experimental em tradução para a editora Stichting Perdu, e é editor ainda na Leesmagazijn, sendo responsável em ambas as casas por trazer à Holanda autores contemporâneos como o russo Kirill Medvedev, a alemã Monika Rinck, a norte-americana Chris Kraus ou o francês Thomas Piketty.

Estreou com o livro Dear world, fuck off, ik ga golfen (2012), seguido de Mijn eigen problemen (2015).


Frank Keizer, Mijn eigen problemen (2015).

É fundador e coeditor da revista Samplekanon, e traduziu, com Samuel Vriezen, o livro Disaster Suites, do poeta norte-americano Rob Halpern, entre outros. Frank Keizer vive em Amsterdã.



§

POEMAS DE FRANK KEIZER
traduções de Ricardo Domeneck


Começando a incomeçável
obra que é o mundo.
Nós já o encontramos aí. Dessarte nós
temos sorte. Alguém consome
espaço, desenovela mínima e farfalhante
contra-revolução
ao ritmo
de Trigion,
especialistas em segurança
em Heerenveen.

:

Beginnen bij het onbegonnen werk
dat de wereld is.
We vinden alles al hier. Daarom zijn we
fortuinlijk. Iemand consumeert
ruimte, draait een kleine ritselende
contrarevolutie
af op het ritme
van Trigion,
beveiligingsexperts
te Heerenveen.

§

Ressurreição de um affectus que se cria morto: eu
grito.
Como se privatização só lidasse com a venda de serviços públicos
e não com a subsunção de tudo sob o mesmo denominador.
Até mesmo a pele coisa desempregada, rebaixada.

:

Heropleving van een doodgewaand affect: ik
schreeuw. 
Alsof privatisering alleen de uitverkoop van overheidsdiensten
betreft en niet de subsumptie van alles onder diezelfde noemer.
Het vege lijf een werkloos ding, afgewaardeerd. 

§

Porque desejamos o mundo
livre de distorções,
um donde, um onde
nos encaixamos.

:

Want wij willen de wereld
vrij van vervorming,
een daar, een waar
wij behoren.

§

A autonomia resoluta do poema
é um exercício de poder
executado nos condomínios exclusivos
de Dronten.
Poesia é fricção,
eu creio, e busca momentos de candor,
anti-ontologia
nas larguras das ruas.
Alegria lançada sobre gramados.
Em terrenos levemente ondulados
as trincheiras são talhadas,
com o trabalho das quais
nós nos
recompomos.

:

De resolute autonomie van het gedicht
als machtsuitoefening
gerealiseerd in een exclusieve woonomgeving
in Dronten.
Poëzie is frictie,
geloof ik, en zoekt momenten van teerheid op,
anti-ontologie
in brede straten.
Geluk dat op gazons is neergestort.
In licht ondulerend terrein 
worden loopgraven gehakt, 
met welke arbeid
we onszelf
opnieuw componeren.

§

Es gibt kein richtiges Leben im Falschen
ensina-me Adorno, e logo em seguida
fiquei em silêncio por um tempo
você continuou vivendo
como posso tagarelar tanto
enquanto me afundo
escrevo a minhas afeições
que elas me machucam
e pergunto por que se recusam a mudar-me
e então faço uma pesquisa rigorosa no Google
que também não sabe como é o sentimento
de viver no início do século XXI,
quer dizer, significa ao menos tentar,
chocando-se em relações e maleabilidade,
como se sente isso?

:

Es gibt kein richtiges Leben im Falschen
leer ik van Adorno, en daarna heb ik
een tijdlang gezwegen
en toch doorgeleefd
hoe kan ik zo veel lullen
in mijn vastlopen
ik schrijf mijn affecten
dat ze me pijn doen
en vraag ze waarom ze me niet willen veranderen
daarna heb ik veel gezocht met Google
dat ook niet weet hoe het voelt
leven in de eenentwintigste eeuw
bedoel ik, dat is iets proberen
je stoten aan verbanden en buigzaamheid
hoe voelt dat?


§

Notas do tradutor:

As traduções acima foram feitas com o auxílio do autor e de versões em língua inglesa.

1- Trigioné uma empresa de segurança holandesa.
2- Heerenveené uma pequena cidade holandesa onde, segundo o autor, há infames campos de golfe, em referência ao título de seu livro de estreia, Dear world, fuck off, ik ga golfen / Dear World, fuck off, estou jogando golfe.
3- A citação de Adorno poderia ser traduzida como "Não há vida verdadeira na falsificação", do livro Minima Moralia (1951).

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