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Italo Diblasi lê poema de Flávio Morgado

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Italo Diblasi (Rio de Janeiro, 1988) lê o poema "de alexandria", de Flávio Morgado, especial para a Modo de Usar & Co.


de alexandria
Flávio Morgado

                  aos poetas Italo Diblasi e Roberto Piva


do alto desta cidade
edifícios escondem
                   pássaros que aqui
                   fingem asas

há uma multidão
encenando a si.
há algumas mortes gastas pelos homens
- e há morte para todos.

passagens, atestados, certidões
e palavra alguma que refunde
(silenciosamente) a identidade.

plutocratas, doutores, a gávea
e seus patins não comovem um verso.
briefing não é haicai.

só os travestis e sua terceira margem
acendem as noites.

a glória é um corsário
                      à deriva
e nela é preciso cantar
- desta vez, ulisses às sereias,
empoderando o delírio.

no limite,
          entre
a egrégora e a língua,
o verso é aflito.

tenho uma dúzia de palavras
                   desdobradas
e as uso, pivô
         (e Piva)
                 de um poema e sua violência.

lúcidos e tarde
investimos nossa cabeça ao telhado

- decapitar o outono ainda é uma arte.

substituímos o absurdo
                    pelo milagre
e permaneceremos atentos a tudo
que, como nós, também seja temporário

estamos suspensos de abismo e
daremos nossas mãos

                   já que a comunhão
                   não é o homem:
esta ditadura do improvável sobre o cosmo.

                                                 §

                                                 sobre o autor



Flávio Morgado nasceu no Rio de Janeiro em 1989. Publicou um caderno de capa verde (Rio de Janeiro: Editora 7Letras, 2012). Atualmente trabalha em seu segundo livro, previsto para 2016, intitulado uma nesga de sol a mais

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