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Paula Abramo

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Paula Abramoé uma poeta mexicana, nascida na Cidade do México em 1980. Estudou Letras Clássicas na Universidad Nacional Autónoma de México e foi professora de literatura brasileira nessa mesma universidade. Traduziu do português para o espanhol, entre outras obras, O Ateneu, de Raul Pompeia (UNAM, 2013) e contos infantis de Angela Lago, Eva Furnari e Bartolomeu Campos Queirós (Alfaguara, 2012). Traduziu ainda para o espanhol poemas esparsos de Murilo Mendes, Luiz Gama e Gregório de Matos, entre muitos outros. Sua relação com o Brasil e sua literatura vem de uma ligação mais que intrínseca: seu avô foi o jornalista e ativista político paulistano Fúlvio Abramo, que se exilou no México durante a Ditadura Militar (1964 - 1985) com a família (onde o pai da poeta se casaria com uma mexicana), após ter-se exilado já na Bolívia durante a ditadura de Getúlio Vargas por seu envolvimento na Frente Única Antifascista (FUA), da qual foi secretário entre 1933 e 1934. Paula Abramo é a mais nova revelação de uma família importantíssima na História Brasileira, que marcou o jornalismo e a arte nacionais através de figuras como o pintor e gravurista Lívio Abramo, o jornalista e editor Cláudio Abramo, a atriz Lélia Abramo e o crítico e diretor de teatro Athos Abramo.

A menção aqui não é aleatória: o livro de estreia de Paula Abramo, Fiat Lux (Ciudad de México: FETA, 2012), selecionado pela revista de arteLa Tempestad como o melhor livro de estreia do ano, é um trabalho excepcional de poesia que inclui a História (na acepção do épico por Pound), voltando à memória não apenas de sua família, mas, através dela, à própria História nacional em meio às convoluções do período de Terror do Governo de Getúlio Vargas (1930 - 1945), e ecoando inevitavelmente no período de Terror mais próximo, o militar da Junta. É um livro que precisa ser traduzido e editado no Brasil, por se alinhar ao trabalho de vários críticos e autores nacionais que têm retornado à História nacional - para expor o imposto, revelar esconderijos. O fiat lux de Abramo é um haja luz literal. Penso em poemas como "Batalha da Praça da Sé, 1934", "Presidio Maria Zélia, 1935" ou "Carta al censor, 1939", deste seu Fiat Lux de estreia, que em breve traduziremos aqui.


Paula Abramo no Festival de Poesia Latino-americana "Salida al mar", em 2012.

Poemas de Paula Abramo foram publicados ainda em revistas mexicanas como Oráculo, Punto de Partida, Consideraciones, Chilango, e Ensamble, e também na revista sueca Kritiker. Textos seus foram também incluidos nas antologias Cuatro poetas recientes de México (Buenos Aires: Black & Vermelho, 2011), Siempre fiel: poetas en la muy imperial Ciudad de México (Guatemala, 2012) e La Edad de Oro: Antología de Poesía Mexicana Actual (México, UNAM, 2012). Participou do “XV Festival Internacional de Poesía de la Habana”, do “Medzinárodný Literárny Festival Jána Smreka” (Eslováquia), do “VIII Festival Latinoamericano de Poesía Salida al Mar” (Argentina), do “Poesifestivalen Bagdad Café” (Suécia) e do “II Festival Centro Cultural García Márquez: Miradas de México en Colombia”.

Parte importante do seu trabalho como tradutora literária encontra-se em seu blogue, aptamente chamado de Traicionar es preciso. Paula Abramo vive, trabalha e traduz muitíssimo na Cidade do México. Está ligada a um dos mais excepcionais grupos de poetas latino-americanos dos últimos anos, que tem se rebelado contra certa poética frouxa do establishment de seu país, e que inclui autores como Julián Herbert, Luis Felipe Fabre (o autor do épico e excepcional La Sodomía en la Nueva España, de 2010), Óscar de Pablo (autor de um dos grandes livros de minha geração, El Baile de las Condiciones, de 2011), ou os mais jovens Minerva Reynosa, Alejandro Albarrán e Daniel Saldaña París, que também já vão deixando marcas na poesia do México. Vários destes autores foram reunidos recentemente em uma antologia da UNAM, a já mencionada La Edad de Oro: Antología de Poesía Mexicana Actual, com organização de Luis Felipe Fabre.

Abaixo, a tradução para seu poema inédito "Lupus eritematoso", com vídeo em que a autora oraliza seu texto, filmado na Cidade do México por Ezequiel Zaidenwerg.


--- Ricardo Domeneck

§

POEMA DE PAULA ABRAMO


"Lupus eritematoso", lido por Paula Abramo, e filmado na Cidade do México por Ezequiel Zaidenwerg. Tradução e original abaixo.


Lupus eritematoso

Que maneira de nomear isto, borboleta,
como se bater de asas, lampejo esquivo de sépia, azul ou
prata;
como se de repente amarelo num resto efêmero de
chuva.

Nenhuma
borboleta
tem esta tinta de carne quase aberta, mas virgem
de sol, de campo aberto.

Te dizem: borboleta.
Como se logo depois houvesse que cravejar tudo,
tudo de algodões,
fechar todas as janelas, a luz
está proscrita
desde agora
e para sempre,
até que os ossos se dissolvam em sal branco,
e a pele em labirintos rebuscados de eritema.

Que vontade de escancarar as cortinas, de sacudir
a névoa persistente em tua pupila
e te mostrar os penachos de um freixo inaugurando
o ano,
ali,
bem na esquina
de tua casa.

Mas já estás toda cruzada de pespontos,
carregas um amplo mapa histórico
que indica
a migração da fístula,
o orto rosáceo da verruga,
a nevrite que boreal, metálica, se encrava em teu
quadril.

A isto
chama-se
lobo.

Mas bom seria, melhor ao menos uma mordidela
que esta geologia imprecisa,
acelerada em demasia
de úlceras e ganidos,
de torrentes de sangue corrosivo transbordando
na surdina permanente de tuas cócleas.

Arrancar, arrancar todos esses algodões,
deixar que entrem o pó, as pombas, o salitre,
anular estas gazes e o silêncio,
sussurrar: manteiga,
Samarcanda, esmeril.
Te mostrar o freixo
da esquina.

(tradução de Ricardo Domeneck)

:

Lupus eritematoso
Paula Abramo

Qué manera de llamarle a esto mariposa,
como si aleteo, destello esquivo de sepia, azul o
plata;
como si de pronto amarillo en un resto efímero de
lluvia.

Ninguna
mariposa
tiene este tinte de carne casi abierta, pero virgen
de sol, de campo libre.

Te dicen: mariposa.
Como si acto seguido hubiera que embutirlo todo,
todo de algodones                                                                                                                                
cerrar todas las ventanas, la luz
está proscrita
desde ahora
y para siempre,
hasta que los huesos se disuelvan en sal blanca,
y la piel en retorcidos laberintos de eritema.

Qué ganas de correrte las cortinas, de sacudirte la
niebla persistente en la pupila
y enseñarte los penachos de un fresno inaugurando
el año,
allí,
justo en la esquina
de tu casa.

Pero ya estás toda cruzada de pespuntes,
llevas encima un amplio mapa histórico
que indica
la migración de la fístula,
el orto rosáceo del mezquino,
la neuritis que boreal, metálica, se embute en tu
cadera.

A esto
le dicen
lobo.

Pero bueno fuera, mejor al menos una mordedura
que esta geología imprecisa,
demasiado acelerada
de úlceras y aullidos,
de torrentes de sangre corrosiva desbordándose
en la sordina permanente de tus cócleas.

Sacar, sacarte todos esos algodones,
dejar que entren el polvo, las palomas, el salitre,
abolir las gasas y el silencio,
susurrarte: mantequilla,
Samarcanda, esmerilado.
Mostrarte el fresno
de la esquina.




Paula Abramo (foto de Valentina Siniego).

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