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Léopold Sédar Senghor (1906 - 2001)

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Léopold Sédar Senghor foi um poeta e escritor senegalês, nascido em Joal-Fadiout (a cerca de 100km de Dakar) a 9 de outubro de 1906, que atuou como Presidente do Senegal de 1960 a 1980. Em 1928, após uma tentativa de estudos religiosos num seminário de Dakar, viajou para Paris, onde estudou na Sorbonne e mais tarde na Université de Paris. Nos anos 30, ao lado dos poetas Aimé Césaire (Martinica) e Léon Damas (Guiana Francesa), fundou o movimento da Négritude, que receberia influência da Harlem Renaissance, com poetas e escritores como Langston Hughes, Claude Mackay, Countee Cullen e Jean Toomer à frente. A primeira plataforma do movimento seria a revista L'Étudiant noir (O Estudante negro), fundada em 1934. Tornou-se o primeiro presidente do Senegal após a independência do país, e o primeiro escritor africano a ingressar na Academia Francesa. O poeta morreu a 20 de dezembro de 2001, em Caen, na Normandia. 

Seus livros incluem Prière aux masques (1935), Chants d'ombre (1945), Hosties noires (1948), La Belle Histoire de Leuk-le-Lièvre (1953), Nocturnes (1961), Poèmes (1964), Lettres de d'hivernage (1973), Élégies majeures (1979) e Ce que je crois (1988), entre outros. Publicamos abaixo traduções do poeta mineiro Leo Gonçalves para os poemas "Masque nègre" e "Je m’imagine (Rêve de jeune fille)", assim como seu artigo "Algumas informações sobre a poesia do célebre desconhecido", que contém outras traduções.


 --- Ricardo Domeneck 

 §


POEMAS DE LÉOPOLD SÉDAR SENGHOR

eu imagino ou sonho de menina

imagino que você está ali
tem o sol
e este pássaro perdido de trinado tão estranho
diríamos uma tarde de verão
clara. sinto que estou ficando tola, tão tola
tenho imenso desejo de me deitar entre o feno,
com manchas de sol sobre a pele nua
asas de borboleta em largas pétalas
e toda espécie de insetos do planeta
ao meu redor

(tradução de Leo Gonçalves)

:

Je m’imagine (Rêve de jeune fille)
Léopold Sédar Senghor

Je m’imagine que tu es là.
Il y a le soleil
Et cet oiseau perdu au chant
Si étrange.
On dirait une après-midi d’été,
Claire. Je me sens devenir sotte, très sotte.
J’ai grand désir ‘être couchée dans les foins,
Avec des taches de soleil sur ma peau nue,
Des ailes de papillons en larges pétales
Et toutes sortes de petites bêtes de la terre
Autour de moi.


§


Máscara negra
                         a Pablo Picasso

Ela dorme e repousa sobre a candura da areia
Kumba Tam dorme. Uma palma verde vela a febre dos cabelos, a fronte curva cobre
As pálpebras fechadas, corte duplo e fontes seladas.
Esse estreito crescente, este lábio mais negro e até pesado
– onde o sorriso da mulher cúmplice?
As patenas das faces, o desenho do queixo cantam o acordo mudo.
Rosto de máscara fechado ao efêmero, sem olhos sem matéria
Cabeça de bronze perfeita e sua pátina de tempo
Que não suja ruge nem rubor nem rugas, nem marcas de lágrimas nem de beijos
Oh rosto tal como Deus te criou antes da própria memória das eras
Rosto do amanhecer do mundo não te abra como um colo terno para emocionar a minha carne.
Eu te adoro, oh Beleza, com meu olho monocórdio!

(tradução de Leo Gonçalves)

:

Masque nègre
                        a Pablo Picasso

Elle dort et repose sur la candeur du sable.
Koumba Tam dort. Une palme verte voile la fièvre des cheveux, cuivre le front courbe
Les paupières closes, coupe double et sources scellés.
Ce fin croissant, cette lèvre plus noire et lourde à peine
 – où le sourire de la femme complice?
Les patènes des joues, le dessin du menton chantent l’accord muet.
Visage de masque fermé à l’éphémère, sans yeux sans matière 
Tête de bronze parfaite et as patine de temps
Que ne souillent fards ni rougeur ni rides, ni traces de larmes ni de baisers
O visage tel que Dieu t’a créé avant la mémoire même des ages
Visage de l’aube du monde, ne t’ouvre pás comme um col tendre pour émouvoir ma chair.
Je t’adore, ô Beauté, de mon oeil monocorde!


§

algumas informações sobre a poesia do célebre desconhecido
por Leo Gonçalves, publicado no Salamandro a 7 de maio de 2012.

no brasil, pouquíssima gente sabe da existência de senghor. embora seja considerado uma das mais lúcidas cabeças do século, e a par disso, um dos maiores poetas da língua francesa, o brasileiro não teve acesso ao pensamento e à poética dele. uma única edição de seus poemas apareceu em 1969 pela extinta grifo edições em tradução de gastão jacinto gomes. uma vasta amostra da lírica senghoriana, com apenas dois defeitos: a edição não é bilíngüe, e além disso lá só se encontram poemas escritos até 1969: como não houve edição posterior, nada foi acrescentado e a edição definitiva da oeuvre poétique apareceria somente em 1989 com duas séries de ótimos poemas escritos nos anos 70 (como é o caso da “elegia para a rainha de sabá”) e outra de “traduções” de poemas tradicionais africanos (cantos banto, peul, bambara…).portanto, falta muito ainda para oferecermos ao público brasileiro um panorama claro de sua obra.

outro ponto curioso é que sua poesia se insere numa tradição pouco explorada no brasil. nem mesmo o nosso cruz e sousa pode ser comparado com ele. a poesia dele é descendente direta de walt whitman e de paul claudel: versos longuíssimos, reflexões místico-cristãs, tradições, profecias e vozeirões (ao lado de flores da mais pura delicadeza:

pérolas

pérolas brancas
lentas goteletas
goteletas de leite fresco,
luzinhas fugitivas ao longo dos fios do telégrafo,
ao longo dos longos dias monótonos e grises!

a qual paraíso? a qual paraíso?
luzinhas primeiras da minha infância
jamais reencontrada…

:

perles

perles blanches,
lentes gouttelettes,
gouttelettes de lait frais,
clarets fugitives le long des fils télégraphiques,
le long des longs jours montones et gris!

à quel paradis? à quel paradis?
clartés premières de mon enfance
jamais retrouvée…)

pouquíssimas vezes se preocupa com a rima, jamais com a métrica. uma poesia que se irmana com o trabalho de neruda e saint john perse, cujos versos se aproximam da prosa.

ao mesmo tempo, a sua poesia é rica em sonoridades, aliterações, e principalmente, jogos visuais, fanopéia. como traduzir um verso como “l’ouragan arrache tout autour de moi”? g. j. gomes traduz assim: “o furacão tudo arranca ao meu redor”. há exatidão na imagem, mas o som do verso de cinco acentos sucessivos se perdeu. façamos mais uma tentativa vã:




:




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