Na série de inéditos, texto de Dirceu Villa.
hintergedanke
pesados carrilhões desbotam a paisagem
velhinhas sem pressa alguma e com talões de cheque
em caixas de supermercado
cães sem aldrava no passeio público
e flores cantam
seu fedor adocicado em honras fúnebres
por todo lado
mapas de mofo na parede do quarto
arreganham as presas assim que
se apaga a luz
e a noite tem carros
rugindo no ventilador ligado
contra os dedos verdes do jardim
que surgem sob a porta, que movem maçanetas
travas que se movem em gargalhadas
moscas zumbindo seus mil olhos no açúcar
rezar ao sol de aço
recolher-se quando deus menstrua
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sobre o autor
Dirceu Villa nasceu em São Paulo, em 1975. É autor dos livros MCMXCVIII (São Paulo: Selo Badaró, 1998), Descort (São Paulo: Hedra, 2000), Icterofagia (São Paulo: Hedra, 2008) e Transformador (Selo Demônio Negro, 2014). Escreve no Demônio Amarelo.
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