Sierguéi Iessiênin foi um poeta russo, nascido em Konstantinovo, então Império Russo, em 1895. Foi um dos autores da chamada Idade de Prata da poesia russa, que deu ao país e ao mundo Alexander Blok, algo como o patriarca da era, e autores mais jovens que formam o panteão do modernismo poético russo, todos tão diversos entre si, como Anna Akhmátova, Óssip Mandelshtam, Vladimir Maiakóvski, Vélimir Khlébnikov, Boris Pasternak, Nikolai Gumilev e Marina Tsvetáieva, entre vários outros.
O suicídio de Iessiênin a 28 de dezembro de 1925 juntou-o às grandes perdas da poesia russa naquela década, com a morte dolorosa de Blok em 1921 (doente, a permissão para deixar o país para um tratamento chegaria uma semana depois do poeta morrer), a execução de Gumilev algumas semanas depois e a trágica morte por inanição de Khlébnikov em 1922. Não tardariam o suicídio de Maiakóvski em 1930; a morte, no Gulag, de Mandelshtam em 1938; e por fim o suicídio de Tsvetáieva em 1941.
Restariam Akhmátova e Pasternak, proibidos de publicar, constantemente acossados por Stálin e seus capangas. Não há maior elegia e invectiva, contra estas perdas, do que o grande texto de Roman Jakobson, A geração que desperdiçou seus poetas (1930), escrito após a morte de seu amigo Maiakóvski. Os poemas de Iessiênin, proibidos por décadas, só voltariam a ser editados na Rússia em 1966.
--- Ricardo Domeneck
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POEMAS DE SIERGUÉI IESSIÊNIN
A sina de cantar a lua?
Há muito o meu olhar definho
No amor, nas cartas e no vinho.
Ah, a lua entra pelas grades,
A luz tão forte corta os olhos.
Eu joguei na dama de espadas
E só me veio o ás de ouros.
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Até logo, até logo, companheiro,
guardo-te no meu peito e te asseguro:
o nosso afastamento passageiro
é sinal de um encontro no futuro.
Adeus, amigo, sem mãos nem palavras.
Não faças um sobrolho pensativo.
Se morrer, nesta vida, não é novo,
Tampouco há novidade em estar vivo.
(traduções de Augusto de Campos)
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