Daniel Varoujan foi um poeta armênio, nascido nos arredores de Sivas, então Império Otomano, em 1884. Em 1896, durantes os massacres hamidianos, foi enviado para Istanbul, então ainda Constantinopla, para seus estudos. Após terminar seus estudos na Itália e Bélgica, retornou a sua vila, onde lecionou por três anos. Em 1914, em Constantinopla/Istambul, fundou o grupo literário e revista Mehian, com Gostan Zarian, Hagop Oshagan, Aharon Parseghian e Kegham Parseghian. Publicou os livros Tremores (Սարսուռներ, 1906), O coração do povo (Ցեղին սիրտը, 1909) e Canções pagãs (Հեթանոս երգեր, 1912).
No dia 24 de abril de 1915, há cem anos, Daniel Varoujan e outros escritores, poetas, jornalistas, intelectuais (como seu colega Kegham Parseghian e o poeta Ruben Sevak) foram presos pelo governo turco-otomano. Logo seriam todos executados. Estava iniciado o Genocídio Armênio. Há cem anos.
O último livro de Daniel Varoujan, Canção do pão, seria publicado postumamente em 1921.
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POEMA DE DANIEL VAROUJAN
A minha terra é dourada...
Parece chama.
O grão se queima
e não se consome.
A minha terra é dourada...
o céu é de fogo,
o solo é imóvel
sob as estrelas.
A minha terra é dourada...
As espigas em quatro filas
revestiram-se
de sombra e sol.
A minha terra é dourada...
Passam como relâmpagos,
no meio das espigas,
as abelhas e os zangões.
A minha terra é dourada...
Do mar, das ondas de ouro
voa o pardal
levado pelo vento.
Dorme, terre dourada,
dorme, campo maduro,
colherei o teu ouro
com a foice de prata.
(Tradução de Carlos Freire, in Babel de Poemas, editora L&PM, 2004)
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Agradecemos a Daniel Dago pela transcrição do poema.
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