Hart Crane foi um poeta norte-americano. Publicou apenas dois livros, White Buildings (1926) e The Bridge (1930). Homossexual, com uma relação difícil com a família, o poeta cometeu suicídio na noite de 27 de abril de 1932, saltando de um barco no Golfo do México. Muitos poetas americanos o reivindicam como influência definitiva, apesar de sua pequena obra.
A tradução abaixo, de Vanderley Mendonça, fará parte do segundo volume da Lira Argenta, que o editor publica pela Selo Demônio Negro, reunido traduções de poetas diversos.
§
POEMA DE HART CRANE
Virginia
Oh chuva das sete,
às onze o contra-cheque.
sorrir afasta o chefe,
Que vai fazer, Mary?
As sete e as onze passando
e eu te esperando.
Oh, Mary, olhar azul e lenço francês,
Minha Mary! Sábado é minha vez.
O pipoqueiro é um carrilhão
Pipocas são os sinos,
Pombas: um milhão,
Na rua Prince é Primavera
Brilham figos
E ostras na quimera.
Oh, Mary, do silo inclina teu olhar
Deixa tua trança de ouro voar!
Maio ao maio-dia,
Violetas vagueiam
Na eira de narcisos
Em Bleecker reina a jogatina,
Peônias imitam do pônei a crina
Nas janelas malmequeres
De longe, a torre de bronze ilumina
E a Catedral Mary
Me fascina!
(tradução de Vanderley Mendonça)
:
Virginia
O rain at seven,
Pay-check at eleven—
Keep smiling the boss away,
Mary (what are you going to do?)
Gone seven—gone eleven,
And I'm still waiting you—
O blue-eyed Mary with the claret scarf,
Saturday Mary, mine!
It's high carillon
From the popcorn bells!
Pigeons by the million—
And Spring in Prince Street
Where green figs gleam
By oyster shells!
O Mary, leaning from the high wheat tower,
Let down your golden hair!
High in the noon of May
On cornices of daffodils
The slender violets stray.
Crap-shooting gangs in Bleecker reign,
Peonies with pony manes—
Forget-me-nots at windowpanes:
Out of the way-up nickel-dime tower shine,
Cathedral Mary,
shine!—
.
.
.