Na série da Zoopoética, Philippe Wollney dedica um poema inédito a cidadãos que não costumamos ver ou querer ver. No entanto, nosso povo e estes povos seguem tendo uma das mais íntimas relações.
os vermes
os
vermes
nascem
dos nossos
buracos
os vermes
lambem
nossos
ofícios
dançam
com seus
corpos
desengonçados
mordiscam
a carne
dos entes
malditos e
queridos
os
vermes
possuem
vários
bailados
às vezes
de terno e
gravata
caneta
dourada
de toga
ou coturnos
há vermes
que posam
ostentando
insígnias
e distintivos
os
vermes
também
são seres
queridos
mastigam
da merda
o que lhes
mantem
vivos
sem fastio
degustam
cartilagens
e celuloses
nas estantes
de livros
ou nas gavetas
de corpos
os vermes
telúricos
são todos
destinos
os
vermes
infligem
na dureza
dos versos
que pele
e firulas
músculos
e diabruras
são belezas
vãs
os vermes
sustentam
o descascar
vertigens
descamam
nervo a nervo
o linguajar
dos ermos
deixando
no poeta
e no poema
o que o tempo
lhe deseja
- os ossos
que lhe
proteja
a eloquência
dos ossos
aqui esteja
os vermes
os
vermes
nascem
dos nossos
buracos
os vermes
lambem
nossos
ofícios
dançam
com seus
corpos
desengonçados
mordiscam
a carne
dos entes
malditos e
queridos
os
vermes
possuem
vários
bailados
às vezes
de terno e
gravata
caneta
dourada
de toga
ou coturnos
há vermes
que posam
ostentando
insígnias
e distintivos
os
vermes
também
são seres
queridos
mastigam
da merda
o que lhes
mantem
vivos
sem fastio
degustam
cartilagens
e celuloses
nas estantes
de livros
ou nas gavetas
de corpos
os vermes
telúricos
são todos
destinos
os
vermes
infligem
na dureza
dos versos
que pele
e firulas
músculos
e diabruras
são belezas
vãs
os vermes
sustentam
o descascar
vertigens
descamam
nervo a nervo
o linguajar
dos ermos
deixando
no poeta
e no poema
o que o tempo
lhe deseja
- os ossos
que lhe
proteja
a eloquência
dos ossos
aqui esteja