Lubertus Jacobus Swaanswijk,mais conhecido como Lucebert, foi um poeta e artista visual holandês, nascido em Amsterdã a 15 de setembro de 1924. Foi o poeta do grupo COBRA e é considerado o mais importante e influente poeta experimental do pós-guerra no país. Pertence à geração conhecida como De Vijftigers, algo como "os dos anos cinquenta", o que talvez no Brasil chamaríamos de Geração de 1950. Sua poesia foi reunida no volume Gedichten 1948-1965, além de livros individuais.
Figura lendária na cena cultural holandesa, alguns de seus versos são bastante populares, como seu "Alles van waarde is weerloos" ("Tudo de valor é vulnerável", do poema "O velhote fala"), que se transformaria em uma placa em neon por tempos no topo do prédio de uma companhia de seguros em Roterdã. Sua posição na poesia holandesa talvez esteja em algum ponto entre a de Augusto de Campos e a de Paulo Leminski na brasileira. Abaixo, uma versão, com a ajuda da inglesa, e seguindo o original holandês com meu conhecimento do alemão. Lucebert morreu a 10 de maio de 1994.
--- Ricardo Domeneck
§
POEMA DE LUCEBERT
eu desligo uma revolução
eu desligo uma pequena revolução deleitável
eu não sou mais da terra
eu sou de novo da água
eu carrego capacetes espumantes na cabeça
eu carrego fantasmas fotógrafos na cabeça
em minhas costas descansa uma sereia
em minhas costas descansa o vento
o vento e a sereia cantarolam
os capacetes espumantes sussurram
os fantasmas fotógrafos despencam
eu desligo uma pequena deleitável revolução revoluteante
e despenco e sussuro e cantarolo
:
ik draai een kleine mooie revolutie af
ik ben niet langer van land
ik ben weer water
ik draag schuimende koppen op mijn hoofd
ik draag schietende schimmen in mijn hoofd
op mijn rug rust een zeemeermin
op mijn rug rust de wind
de wind en de zeemeermin zingen
de schuimende koppen ruisen
de schietende schimmen vallen
ik draai een kleine mooie ritselende revolutie af
en ik val en ik ruis en ik zing
Lucebert, "O domador de animais" (pintura a óleo, 1959).
.
.
.